A CIÊNCIA DA MEMORIZAÇÃO

A explicação biológica do que está por trás da dificuldade de memorização e o que devemos fazer para memorizar melhor

Entenda como os últimos 30 anos de estudos da neurociência é a chave para destravar as dificuldades na retenção e memorização de qualquer conteúdo.

Publicado por Prof. Filipe Iorio
(Especialista em Neurociências – PUCRS)

Uma das maiores frustrações de quem tenta ler um livro, assistir uma aula ou estudar qualquer material, é de não conseguir memorizar o conteúdo no longo prazo.

Mas afinal, por qual motivo isso ocorre?

É de fundamental importância entendermos o funcionamento do cérebro quando recebemos uma informação.

E esse é o erro comum que muitos cometem. Da mesma forma que precisamos entender como um equipamento funciona, para poder operar ele corretamente, o cérebro funciona exatamente igual.

Domine seu cérebro, domine a memorização.

Mesmo que hoje você sofra com a falta de foco, dificuldade de memorizar ou sente que não consegue reter o conteúdo de suas leituras e estudos, é dominando o cérebro, entendo como ele funciona, que permitirá gerar resultados em seus estudos e leituras.

Ao longo dos últimos anos eu venho me debruçando sobre esse tema, dezenas de livros lidos, centenas de artigos científicos estudados, minha especialização em neurociências e ajudando mais de 20 mil alunos…

E sabe qual foi o resultado?

Cada vez mais fica claro que não existe “segredo”, “técnica infalível”, “o novo método da Nova Zelândia”, etc.

Querer atalhos é algo que o cérebro procura, pois ele quer economizar energia. Mas precisamos “assumir o controle” de maneira racional e saber que, para memorização, isso não existe.

Precisamos seguir a maneira biológica que o cérebro sempre irá seguir!

Por isso, quero dar um conselho para você, cuidado com essa promessas, pois não existe milagre. São investidos milhões de dólares em estudos por diversos institutos e universidades ao longo do mundo e a conclusão é sempre a mesma:

única maneira que temos para memorizar de forme eficiente, além de um cérebro saudável, é entender esse processo neurológico e encaixar técnicas e ferramentas que são concomitantes a eles.

Por isso da importância de dominar essa ferramenta, chamada “cérebro”.

Mas afinal, por que esquecemos o que lemos e estudamos?

Quando lemos e esquecemos, é um bom sinal. Significa que o cérebro está funcionando perfeitamente.

Sei que pode parecer algo contraditório, mas no momento da leitura ou na aquisição de qualquer conteúdo, não vamos memorizar.

Existe um “filtro” dentro do nosso cérebro, responsável por selecionar as informações que irão passar da memória de curto prazo, para a memória de longo prazo.

Por isso é importante seguir um processo, para fazer essa transição da maneira biológica que o cérebro faz.

Inclusive, este é um dos grandes benefícios do avanço da neurociência, explicar o complexo processo que nosso cérebro realiza a todo instante.

Como lemos, memorizamos, geramos foco, entre muitos outros.

Não sei se você sabe, mas os estudos do cérebro datam desde a antiguidade (sempre foi o fascínio da humanidade), mas o campo científico intitulado “neurociência” se estabeleceu na década de 1970.

Desde então, evoluiu muito.

Memorizar é mudar fisicamente o cérebro

Quando falamos em memorizar algo, estamos falando em gerar novas conexões dentro do cérebro, essas conexões ocorrem entre nossos neurônios, que chamamos de sinapses.

Porém, essa formação das sinapses, poucas vezes ocorrem de forma simultânea ao recebimento da informação, precisamos fortalecer essas conexões para garantir uma memória de longo prazo.

Veja a imagem abaixo, ela ilustra bem dois neurônios e a conexão (sinapse) feita entre eles.

Para termos uma ideia, as pesquisas mostram que temos mais de 80 bilhões de neurônios e são estes, que fazem conexões entre si, as sinapses.

Essas sinapses são criadas tanto por impulsos elétricos, como químicos, os neurotransmissores. Alguns bem conhecidos, como dopamina, serotonina, etc.

Veja então, memorização não tem milagre, ou criamos e fortalecemos essas sinapses, ou não memorizamos. Simples assim.

Memorização é um fator 100% biológico e físico.

Também é importante entendermos que temos vários tipos de memórias (ver imagem acima), por isso, é comum uma pessoa ter uma boa memória episódica, por exemplo. Mas quando se fala em uma memória semântica (memorização de conteúdo), já tem maior dificuldade. São vias diferentes de memorização.

Poderíamos nos aprofundar muito somente nesse tema, dos diversos tipos de memórias que o cérebro processa, mas vamos focar na memória referente ao aprendizado de conteúdos estudados, a memória semântica.

Para ela, basicamente dividimos em dois estágios, os quais são:

  1. Memória de curto prazo;
  2. Memória de longo prazo.

Para memória de curto prazo ser formada, precisamos de um ingrediente importantíssimo, a concentração.

Sem foco no momento que estamos recebendo uma informação, sequer ela chegará na memória de curto prazo para continuarmos o processo de memorização.

Uma coisa é fato, não existe memória de longo prazo sem antes ter uma memória de curto prazo.

Em resumo, esse é o processo que sempre precisamos seguir para memorizar um conteúdo lido e estudado:

Aquisição da informação é o momento que você está recebendo, seja por meio da leitura, escutando um conteúdo ou mesmo assistindo uma aula.

Importante: No momento da leitura, o cérebro não cria a memória de longo prazo.

Inclusive, este é um dos erros mais comuns da maioria das pessoas, acreditar ser nesse momento que irá memorizar.

E sabe o que acontece? Frustração, por não conseguir e achar que tem um problema. Mas aqui é gerada a memória de curto prazo e, como vimos, é preciso ter foco e concentração.

Em outras palavras, a leitura é uma pequena parte de um processo maior de estudos.

Depois processamos a informação, aqui é algo 100% ATIVO, ou seja, você precisa assumir o controle do aprendizado. Aqui que precisamos criar mapas mentais, resumos eficientes e ativos que facilitem a transformação da memória de curto prazo para a memória de longo prazo.

E, por fim, chegamos na memória de longo prazo. Existe um ingrediente fundamental para realizar o fortalecimento das sinapses nessa fase, sendo a repetição.

Basicamente temos duas formas de formar uma memória, ou por forte carga emocional, um evento traumático ou feliz, por exemplo. Ou então, pela repetição da informação.

Para conteúdos lidos e estudados, são poucas às vezes que temos forte carga emocional, por isso, precisamos focar na repetição, sendo a revisão do conteúdo.

Porém, você não irá ficar relendo um livro ou material para repetir, muito menos assistindo três ou cinco vezes a mesma aula.

O que precisamos fazer, é a criação do ativo de memorização, ele, você irá revisar em poucos minutos.

É possível, por exemplo, revisar o ativo de memorização criado de um livro de 300 páginas, em 3 minutos.

Por isso é preciso utilizar um ativo de memorização correto, recomendo o mapa mental para isso.

Bom, até agora vimos o que precisamos fazer para o cérebro memorizar e talvez você esteja pensando:

Mas quais ferramentas aplicar para potencializar cada fase?

Primeiro é importante entender ser preciso aplicar a ferramenta correta em cada momento desse processo, como:

  • Prepara o cérebro para ter concentração;
  • Criar ativo de memorização;
  • Trabalhar esse ativo para memorizar o conteúdo;
  • Reter o conteúdo estudado na memória de longo prazo.

É exatamente isso que ensino dentro do Programa Avançado Aprendizado Eficaz. Ele é a união das minhas duas principais formações, Leitura Eficaz e Mapa Mental. Além do meu livro físico.

Um processo neurocientífico para aplicar, seguindo a maneira que o cérebro se comporta em cada fase, para poder ler, estudar e memorizar o conteúdo no longo prazo.

Clique no botão abaixo para conferir todos os detalhes:

Prof. Filipe Iorio

Especialista em Neurociências e Comportamento pela PUCRS, estudou Neuroeducação e há mais de 10 anos vem pesquisando sobre alta performance mental.

Autor do Livro Aprendizado Eficaz e fundador do MapaMental.org, um dos maiores portais sobre mapa mental e aprendizagem do Brasil, com mais de 2 milhões de acessos.

Com seus cursos, livros e palestras, já treinou mais de 35 mil alunos

Referências do artigo:

– BEAR F. Mark. 2017. Neurociências Desvendando o Sistema Nervoso. (4ª Edição – Artmed).
– F.D. Raslau, A.P. Klein, J.L. Ulmer. Memory Part 1: Overview. American Journal of Neuroradiology Nov 2014.
– FD RSLAU, F.D. 2014. “Memory Part 1 Overview”.
– SCHACTER, D Memory em POSNER, M. Foundation of Cognitive Neuroscience. Massachuster: MIT Press, 1994, 683-725.